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24 de janeiro de 2014

A Rede como possibilidade - Um resumo e uma breve reflexão sobre a mensagem de Francisco para a JMC



A rede mundial de computadores – nossa cara internet – surgiu em meados da década de 1960 para uso exclusivamente militar, como recurso para comunicação entre bases durante as catástrofes tão caras à guerra.



Seguiu das bases para a academia – nos meios acadêmicos foi aperfeiçoada, com programas que foram verdadeiros avanços, como o correio eletrônico (e-mail), levando a sua popularização entre algumas corporações.



Daí continuou a se popularizar, chegando a empresas finalmente às casas – na década de 1990 o grande salto da vez foi o tão popular hoje WWW (World Wide Web). Surgem neste contexto os chats e ela vai se popularizando cada vez mais.



Finalmente no nosso tempo, ainda mais desenvolvida e cada vez mais comum na vida das pessoas – as crianças praticamente nascem conectadas. A internet hoje é mundial, sendo não apenas um meio de comunicação, mas reflexo da própria sociedade, com seus avanços e suas enormes contradições.



Foi sobre a internet que o Papa Francisco resolveu falar em sua mensagem para a Jornada Mundial das Comunicações, a ser celebrada do dia 1º de junho. Na mensagem, fala da importância do verdadeiro encontro, da rede não apenas como “fios”, mas como humana – uma rede de pessoas.



Ao reconhecer a internet como Dom divino, continuando um caminho aberto pelos seus antecessores, mas com uma mensagem direta e clara o Pontífice abre mais ainda discussão sobre inclusão e sobre a necessidade do uso da rede como veículo necessário, quanto a nossos grupos, comunidades, paróquias, dioceses, etc. A simples demonização da rede, como outras igrejas e pastores tem como postura, apenas serve para deixar os usuários deste espaço sem a possibilidade de encontro também com a pessoa do Cristo nesse meio. Não é ignorar os perigos da rede – violência gratuita, opiniões diversas, pornografia – mas ocupar também, deixar que a mensagem do Evangelho seja acessível a todos. De fato, muitas pessoas buscam sentido de vida também da internet.



No Brasil toma uma proporção a mais a mensagem de Francisco: este ano deve ser votado o Marco Civil da internet no Congresso Nacional, numa séria discussão sobre democratização da rede, seja pelo acesso ou pela possibilidade de opinar. A capitalização proposta por algumas empresas de telefonia transformaria a rede em uma espécie de TV à Cabo – o acesso seria restrito a seu bolso, não apenas para pagar um plano (velocidade) mas também a conteúdo (sites que são free passariam a ser pagos). Este é seria um verdadeiro retrocesso se aprovado. Há então a discussão das duas alas – uma quer facilitar o acesso a mais pessoas, apenas criando uma legislação específica para garantir isso; outra quer resumidamente transformar a internet em uma TV à Cabo, como já citado acima.



O Marco Civil da internet é de interesse de todos, contudo, há uma mobilização ainda bastante modesta da parte da própria sociedade civil, então é importante estar atentos para o que acontece no Planalto. Promover discussões em nossos grupos, comunidades e demais instâncias ou formas de organização de Igreja é importante, para aproveitar as possibilidades oferecidas pela rede.  

Paulo Correa



P.s.: Em outro post está incluída a íntegra da mensagem do Papa para a Jornada Mundial das Comunicações.
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